quarta-feira, 29 de maio de 2013

Claude Monet (1840-1926)


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O nome de Claude Monet está indissociavelmente ligado ao movimento Impressionista. Foi um de seus principais mentores, e a este movimento permaneceu fiel até o final de sua vida. Estudar a pintura de Monet é também estudar o Impressionismo, e a importância que este movimento teve para a arte do século XX pode ser vista também na pintura de Monet. 
Monet nasceu em Paris em 1840 e, embora tenha vivido uma juventude de grandes dificuldades financeiras, alcançou reconhecimento e estabilidade financeira ainda durante sua vida. Embora o Impressionismo tenha provocado, em seu início, grande repercussão negativa, em pouco tempo será reconhecido como a primeira escola de pintura moderna, influenciando toda a arte posterior.
Como pintor, realizou uma verdadeira revolução, porém não deixou qualquer escrito teórico, nem mesmo a indicação a terceiros de quaisquer preocupações teóricas. Esta situação – tão atípica se pensarmos no desenvolvimento posterior da arte no século XX – levou alguns críticos a considerar que Monet não seria totalmente consciente da revolução cultural que iniciara. Um reles preconceito, que só pode ser formulado por pessoas formadas dentro da escola modernista teórica, para quem o pensamento com pincéis é simplesmente inexistente ou insignificante, seja ele de Monet ou de qualquer outro artista.
Monet é um dos maiores pintores na técnica do óleo da história. Sua pintura é, essencialmente, plástica. Soube extrair da tinta e dos pincéis uma estética poucas vezes alcançada na história da arte. Quando olhamos para seus quadros, vemos uma superfície extremamente fluida e tátil. Não há linhas de contorno, e a estrutura da composição é diluída em manchas que avançam e recuam, em profundidades e intensos cromatismos.
O tema de sua pintura é a luz, e o modo como ela interage com os objetos através da mediação da pincelada. A atmosfera, os reflexos, o translúcido, a irisação, a refração, entre outros, são os verdadeiros temas de sua arte. Se ele se utiliza de uma fachada de uma igreja ou de lírios-d’água sobre a superfície de um lago, isto é apenas um pretexto. Em Monet, a luz cria uma nova matéria. Ou melhor, ela nos mostra uma matéria – que pensávamos tão bem conhecer – de modos novos e inimaginados. As pedras da fachada da igreja animam-se, a água do lago torna-se melíflua. Oscar Wilde disse que, antes de Monet, ninguém havia observado que os nevoeiros em volta das pontes de Londres se irisam, e que não era mais possível olhar para aqueles nevoeiros sem se lembrar do pintor francês. 
Mas tudo se realiza através da pincelada. O toque livre de Monet remete aos mestres do pincel, entre os quais Rembrandt. A tinta é colocada sobre a superfície da tela de modo espontâneo e ligeiro, sem ser descuidado, entretanto. A divisão dos tons, com a qual os impressionistas segmentavam as cores em suas componentes primárias, levou o artista a uma cada vez menorpreocupação com a forma. Uma de suas últimas séries de pinturas, retratando lírios d’água, chega a uma tal dissolução da forma na pincelada que, um passo a mais, e se estará já dentro de um estilo abstrato-informal. A poética destas pré-formas, a magia que se desprende destes quase-objetos, nos coloca na posição de seres primitivos que estão descobrindo um mundo novo, onde cada pequena diferença no contínuo adquire significação inusitada e extraordinária.
Com isto chega-se a um ponto importante na trajetória do artista. Antes de ser um método pseudo-científico de pintar, uma tentativa cientificista canhestra de explicar a natureza das coisas através da visão, a pintura de Monet é uma tentativa extraordinária de nos posicionarmo-nos novamente diante do mundo, com os olhos da imaginação (e, portanto, da poesia) totalmente abertos e inocentes. Mais do que ciência, sua pintura é um modo de ser-no-mundo, um modo em que o simbolizar ainda não se iniciou.
Com Monet a pintura recupera um frescor anterior à grande carga de conhecimentos técnicos acumulada pela tradição pictórica desde o renascimento. Com ele, a pintura começa de novo. É como se ele se desembaraçasse da linguagem acadêmica da pintura para começar um novo modo de ver e de pintar, poético e espontâneo. Este é o legado revolucionário que deixou para as gerações posteriores de vanguardistas. Sua pincelada livre e o uso da cor pura logo vão germinar e se desdobrar nas diversas escolas do início do século XX.



The Bodmer Oak, Fontainebleau Forest, 1865


Bridge over a Pond of Water Lilies, 1899

Water Lilies, 1919

The Parc Monceau, 1878

The Monet Family in Their Garden at Argenteuil, 1874

Camille Monet (1847–1879) on a Garden Bench, 1873

Garden at Sainte-Adresse, 1867
Claude Monet, Water Lillies
Claude Monet, Water Lillies

Giverny, 1900

Poppies Blooming, 1873
View of le Havre
Woman with a Parasol
Clifftop Walk at Pourville